quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A TERRA PEDE SOCORRO

Tenho escrito sobre os vários problemas que nos afligem e nos impedem de nos transformarmos em uma sociedade sustentável. Porém, nada é mais urgente e importante que salvarmos o planeta. Passamos os últimos milhares de anos considerando que as suas riquezas eram inesgotáveis, mas infelizmente não são, e agora o estrago que causamos está evidente e já nos traz grandes perdas.
A sociedade moderna está consumindo cada vez mais e mais recursos naturais e ao mesmo tempo polui em níveis alarmantes o meio ambiente. Estamos vivendo o limiar de uma história de gastança e desperdício, estando muito próximos de um colapso ambiental com todas as suas conseqüências para todos nós e para as gerações futuras.

Na velocidade da devastação e com o uso de recursos que impomos atualmente ao nosso planeta, daqui a duas décadas, aproximadamente em 2.030, estaremos vivendo uma situação absurda. Precisaremos de duas Terras para atender a todas as nossas necessidades. Como isso é impossível, se não mudarmos rapidamente nossos hábitos e costumes sofreremos perdas consideráveis e irrecuperáveis em nossa qualidade de vida.

Muitas espécies já desapareceram, outras estão desaparecendo ou continuarão a desaparecer. Estamos promovendo uma extinção em massa sem precedentes na natureza com o papel de um dos principais protagonistas desta destruição. Nos últimos trinta e cinco anos devastamos e matamos mais espécies que nos três séculos anteriores. O homem está conseguindo produzir um extermínio maior que o asteróide que dizimou os dinossauros há 65 milhões de anos.

Em seu relatório publicado nos últimos dias, a ONG WWF (World Wildlife Fund) nos trás uma visão sombria de nosso futuro. Mostra que a exploração da Terra saiu do nosso controle e adquiriu dinâmica própria. Hoje gastamos 30% a mais da capacidade do nosso planeta de se recuperar, o que significa que a natureza não consegue repor em 30% o que consumimos ou rejeitamos.

Esse percentual é resultado do conceito de pegada ecológica, que é a extensão de terra, e quantidade de água e ar que necessitamos para produzir os insumos, recursos, bens e serviços que a população mundial utiliza, como também para absorver os entulhos e lixos que são produzidos. Esses cálculos foram feitos e quantificados em hectares e o seu resultado dividido pela população da Terra. O resultado dessa equação é que cada habitante usa em média 2,7 hectares do planeta por ano.

A quantidade de hectares necessários para a população de cada país é desigual e injusta, pois os que mais utilizam e poluem também são os que menos ajudam e mais resistem às mudanças que terão de ser feitas. Há casos como o dos americanos, recordistas nesse índice, com 9,4 hectares. Se todos os habitantes da Terra tivessem o seu padrão de consumo seriam necessárias quatro Terras e meia para nos atender. No caso dos brasileiros o índice é de 2,4 hectares, valor um pouco menor que a média mundial, de 2,7 hectares, que é ainda extremamente alta, muito por conta dos países desenvolvidos e da explosão demográfica dos chineses, indianos e africanos.

O mundo vive uma crise ambiental sem precedentes. O desmatamento tornou-se um dos maiores problemas da humanidade, sendo a sua taxa equivalente a duas Holandas de florestas por ano. Ao mesmo tempo mais da metade dos rios estão contaminados, e ocorrem novas contaminações a todo o momento. A pesca predatória vem reduzindo em proporções absurdas a oferta de peixes para alimentação, e para completar há um aumento no acúmulo crescente de CO2 na atmosfera, o que causa o aquecimento do clima na Terra. Por tudo isso, estamos vivendo uma situação que nos deixa perplexos, assustados, atônitos e sem saber o que fazer.

Teremos que descobrir como conciliar o crescimento de nossa qualidade de vida e do desenvolvimento com a preservação do meio ambiente. A mãe natureza reclama urgentemente medidas que revejam a situação atual. Não é possível continuarmos esse holocausto consciente da maioria das espécies da flora e da fauna de nosso planeta e não percebermos que seremos nós que pagaremos o preço de inviabilizar a nossa própria existência.

Estamos todos preocupados com a crise econômica mundial, e é verdade que ela é séria e ainda vai causar muito estrago em todo o mundo. Porém, ela vai passar, pode levar um, dois ou três anos, mas vai passar. Já a crise ambiental não, é um caminho sem volta.

A humanidade assiste a essa destruição absurda e não reage, ou muito pouco faz. Até quando? Olho para meus filhos e netos e penso assustado que fomos nós, minha geração e as anteriores, que aceleramos essa matança desenfreada, e agora não sabemos como parar. É hora de olhar para as crianças e para o nosso entorno e sentirmos vergonha e remorso, mas em seguida agirmos rápido. Infelizmente não temos muito tempo.

Alguns amigos dizem que os meus textos são panfletários, que procuram insuflar sem propor soluções. A eles digo que o que procuro é despertar os que lêem os textos que escrevo e trazê-los para a nossa realidade, dura, feia, talvez indigesta. Mas esse é o nosso mundo.

Faço a minha parte, trabalho duro para construir um mundo melhor, mais justo, mais sustentável, e faço o que posso para mudá-lo e conscientizar os outros de que juntos poderemos sair vencedores desse enorme desafio que é salvar o nosso planeta da nossa insanidade e ganância. Eu acredito que podemos, e você?

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